segunda-feira, 5 de maio de 2008

Coluna do ombudsman da edição do InfoCampus de 29 de abril


Por Diogo Figueiredo


Como primeiro ombudsman do InfoCampus 2008, confesso que tive muitas dúvidas ao fazer meu trabalho. É uma função muito rara no jornalismo nacional, e a maioria das publicações que dispõe deste tipo de serviço não publica seu conteúdo na internet. Por conta disso, fiz a coluna baseada nos arquivos da Folha de São Paulo, o primeiro jornal brasileiro a ter um Ombudsman, e no livro de Caio Túlio Costa, primeiro contratado pelo diário paulista. Acho que seu formato pode e deve ser discutido amplamente em aula.


Acredito que o site, de maneira geral, atingiu às demandas do Manual de Redação e Estilo que nos foi disponibilizado. A maioria dos textos foram coesos e claros, passando a idéia pretendida pelos autores. Infelizmente, não houve grande contato com leitores, mas isso provavelmente melhorará com o passar das edições. Acho que os três segmentos da universidade - alunos, professores e funcionários - apareceram de maneira justa e equilibrada. O mesmo não aconteceu com membros de fora da instituição, fato que está previsto nas normas de redação. O Cesnors, que faz parte da UFSM, com suas duas unidades no norte do estado, foi solenemente ignorado na primeira edição do Infocampus 2008. Seria interessante um maior diálogo entre as partes, nem que seja em uma única edição.


Feita a introdução, passo a mostrar alguns pontos - positivos e negativos – que merecem destaque:


Agenda


Faltou telefone para informações sobre o evento. Outro problema é que o link leva para um site totalmente desconfigurado, sendo praticamente um martírio decifrá-lo. Naturalmente que não é função do site disponibilizar uma programação completa do evento. Entretanto, neste específico, acho que seria mais sensato fazê-lo.


Página Inicial


- Ainda consta “a acadêmico Anderson Capes”


- Poderia haver um link para o site da rádio universidade no próprio corpo do texto que fala da entrevista com Anderson Capes.


Perfil


- Boa vontade não tem hífen, segundo o Dicionário Houaiss.


- Interessante a parte que conta o apelido de “puxa-saco” da reitoria. Retira o tom muitas vezes bajulador da maioria dos perfis publicados pela mídia.


Projetos e pesquisas


- “Há cerca de três anos” ao invés de “a cerca de três anos”


- “utilizam-se apenas células-tronco adultas retiradas principalmente da medula óssea, mesma técnica usada no tratamento da leucemia”


Essa frase ficou um pouco confusa. O leitor fica em dúvida sobre o que se quis dizer. Nota-se uma possível contradição entre “apenas células troncos” e “principalmente da medula”.


- “Segundo o professor Dr. Ney Luis Pippi, um dos coordenadores do LACE, o uso de células embrionárias de animais não têm tanta restrição de questões éticas como nos seres humanos”.


Acredito que não deveria haver acento circunflexo no “têm”, já que se refere a “uso”


- Seria interessante colocar o nome dos professores coordenadores do projeto, e mais dados sobre a parceria da UFSM com outras instituições.


Panorama


- Acho que seria melhor colocar o telefone completo ao invés do ramal, já que nem todo mundo sabe o telefone da UFSM.


- “O consultório odontológico também realiza um trabalho na área de saúde, que contempla os funcionários da UFSM e seus dependentes. O serviço é prestado por cirurgiões dentistas formados.”


Todos os serviços são na área de saúde, e seria interessantíssimo citar esse outro programa.

Entrevista


- Título excelente. Chama a atenção do leitor, instigando-o a ler a entrevista.


- Ótima última pergunta


I: Como vão ficar as transmissões de 2009, ano de formatura da equipe idealizadora? Houve ou há a preocupação de preparar novos alunos para que esses eventos continuem sendo veiculados pela rádio universidade (com o link, ótimo)


Universidade


- “cada vez entra mais estudantes”. Deve ser retificado, se foi erro de digitação. Ou então se deve usar “(sic)”.


- “Quanto à fila para compra de créditos, o número de guichês de atendimento continuará com apenas um“.


Poderia ser substituído por “quanto à fila de compra de créditos, não existe perspectiva de melhora, já que o número de guichês não será ampliado”.


- “Outro fator apontado pelo diretor do RU como causa das longas filas é a demora do usuário em se servir”.


Acho que seria conveniente questionar o diretor do RU sobre sua declaração. Considerando os depoimentos dos estudantes, fica difícil imaginar que eles, que declararam ter pouco tempo para o almoço, demorariam a se servir.


- Ou usa Buffet ou bufê. Bifê não existe.


- Poderia ter citado o tamanho do aumento das refeições a serem servidas com o Reuni. No mais, as causas do problema foram, no geral, bem explicadas.


- O lado Xerox não foi ouvido. Se foi, não citaram.


Comunidade

- ‘Coordenado por’, e não ‘coordenador por’.

- Bom último parágrafo, com a parte de serviço no fim, que ajuda o leitor a se aprofundar no tema.

- Poderia ter entrevistado um carroceiro ou um aluno, para dar mais legitimidade à matéria.


Recomenda

Certamente não foi pouco divulgado pela grande mídia.


Informativo

Violar é transitivo direto. O certo é “violação dos direitos infanto-juvenis”.


Não foi utilizado o link Colabore, do site da FACOS. Cabe averiguar se ele ainda existe.


Foi isso o que mais despertou a atenção na edição da semana corrente. Naturalmente muitos pontos não foram notados, e outros foram vistos de maneira equivocada. Os erros e acertos cometidos – inclusive nesta coluna – irão contribuir ainda mais para o aprendizado. Pelo meu levantamento, houve muito mais erros do que acertos. Ao ler jornais regionais e nacionais, percebo imperfeições muito maiores – inclusive em sala de aula, por parte de alguns professores. Com o material que temos, o resultado foi salutar.


A sala do ombdusman da Folha de São Paulo estava prevista para ser localizada junto da sala de redação do jornal. Para evitar a proximidade do ouvidor do jornal com os repórteres e outros profissionais, Caio Túlio Costa foi transferido para outro prédio, inclusive, no intuito de manter a isenção de seu ofício. Sei que essa é uma atitude impossível para os ombudsmen do Infocampus, já que as relações entre os colegas existem muito antes da realização do site. Entretanto, para facilitar a impessoalidade da crítica, seria interessante que os próximos ocupantes deste cargo recebam o material do site por e-mail, sem que vejam os autores das matérias. Evitaria possíveis comentários tendenciosos tanto que quem critica quanto de quem é criticado.

Um comentário:

Vivian Belochio disse...

Ótimo Diogo, muito bons e pertinentes comentários.

Acredito que, com o decorrer do trabalho da turma na composição do InfoCampus, será possível avitar erros e seguir o manual de maneira mais efetiva. A primeira edição é um piloto, que revelou potencialidades e deficiências da equipe. Justamente essas questões começam a ser debatidas agora.

Vivian Belochio